Pela primeira vez um órgão da ONU (o IPCC) apontou o dedo para nós, humanos, como responsáveis pelo aumento da temperatura da Terra. Além disso, indicou que não é mais possível impedir que as mudanças climáticas se intensifiquem nos próximos 30 anos. Também mostrou que a influência humana está tornando os eventos climáticos extremos (como as ondas de calor, fortes chuvas e as secas mais frequentes) mais duradouros e intensos.
“Estima-se que as atividades humanas tenham causado cerca de 1,0°C de aquecimento global, acima dos níveis pré-industriais, com uma variação provável de 0,8°C a 1,2°C. É provável que o aquecimento global atinja 1,5°C entre 2030 e 2052, caso continue a aumentar no ritmo atual.” (resumo do relatório feito pelo IPCC neste link)
São muitos os dados publicados que valem ser destacados. Entre eles: as emissões vindas da produção de materiais (metais, madeira, construção e plástico) dobraram entre 1995 e 2016 e passaram de 15% a 23% das emissões globais. Também: enquanto os gases do efeito estufa foram responsáveis pelo aumento da temperatura, outros fatores humanos, como os aerossóis, contribuíram com uma média de resfriamento de 0.5ºC (aqui, se discute a possibilidade de a poluição ter “maquiado” a crise climática). É crucial reduzir o uso de carvão, cimento, petróleo e agrotóxicos.
O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, IPCC, é um órgão da ONU criado em 1988 que reúne alguns dos principais cientistas climáticos do mundo. Sua missão é de preparar relatórios com base no conhecimento acadêmico disponível sobre o clima para dar embasamento a ações políticas.
Neste relatório foram analisados mais de 14 mil artigos científicos e a relação da atividade humana com as mudanças climáticas foram colocadas como indiscutíveis. Ele faz parte de um ciclo que começou em 2015 e termina em 2022 quando outros dois relatórios sairão (em fevereiro e março do ano que vem) e trarão os impactos e soluções para esse problema. São mais de três mil páginas de informações de cientistas sobre o que está acontecendo com o planeta Terra em termos de clima.
Algumas matérias bacanas que trazem o conteúdo do relatório:
Coluna do Ricardo Abramovay no UOL
Há luz no fim do túnel. A luz é fraca e distante, mas ela existe. Ainda existem chances de que a temperatura global média não suba além de 1,5ºC até o final do século, mas para isso é fundamental que todo mundo trabalhe em conjunto. Sabemos da responsabilidade das indústrias e do poder público para implementar mudanças, e sabemos também que cada um tem o seu papel para uma possível virada de cenário.
É da sociedade civil o poder de escolha que move as indústrias e é ela que pressiona os governos por leis. Somos nós. Achei importante ressaltar esse trecho do resumo feito pelo IPCC, para destacar que a sociedade civil é sim colocada como agente de mudança – junto com todos os setores da economia e até os indígenas.
“O fortalecimento das capacidades para ação climática das autoridades nacionais e subnacionais, da sociedade civil, do setor privado, dos povos indígenas e das comunidades locais pode apoiar a implementação de ações ambiciosas que impliquem em limitar o aquecimento global a 1,5°C (alta confiança). A cooperação internacional pode proporcionar um ambiente propício para que isso seja alcançado em todos os países e para todos os povos, no contexto do desenvolvimento sustentável. A cooperação internacional é um catalisador crítico para países em desenvolvimento e regiões vulneráveis” (D7 página 26)
Nossas escolhas, nossa mudança de comportamento, nossa virada de chave e tomada de consciência tem toda a importância. É assim que as revoluções começam, com pequenos passos. Se começarmos a questionar e mudar, poderemos influenciar mais pessoas para que embarquem nessa jornada e com mais e mais gente, nossas microrrevoluções podem sim se transformar na revolução que o mundo precisa para continuar existindo.
Vamos juntes?