Obsolescência programada: o que é

Esse é o fogão da Carol. Ele é da década de 1950 e funciona muito bem.
Naquela época os eletrodomésticos ainda eram feitos para durar.

Quase todo mundo já passou por isso: comprou um celular, uma calça, um cosmético e pouco tempo depois já sentiu que aquele produto estava velho. Ou então isso: comprou uma geladeira, um brinquedo, um fone de ouvidos e depois de pouco tempo o produto quebrou.

Essa é a obsolescência programada.

Essas duas palavras dizem respeito a produtos que são desenhados propositalmente para quebrarem ou tornarem-se obsoletos antes da hora. É uma realidade que acontece no mundo desde os anos 1920 e tem o propósito de fazer as pessoas comprarem mais e mais. É “o motor secreto da nossa sociedade de consumo.” (A conspiração da Lâmpada, 2009)

Tudo começou com a lâmpada. Em meados nos anos 1920 um cartel, o primeiro do mundo, reunia grandes fabricantes de lâmpadas do planeta e decidiu reduzir o tempo de vida das lâmpadas que produziam. Esse cartel era chamado de “Phoebus” e uma das empresas que fazia parte dele era a Phillips. As empresas propositalmente desenhariam lâmpadas mais frágeis e que quebrariam mais rápido do que as que existiam no mercado, a vida útil de uma lâmpada não poderia passar de mil horas. Quem não cumprisse a regra seria punido com multa. Isso aconteceu de fato.

Essa história sinistra está no documentário “A Conspiração da Lâmpada” disponível na Mostra Ecofalante de cinema que vai até o dia 21 de junho de 2022. [Todo ano essa mostra traz filmes e documentários imperdíveis de temática socioambiental, desses que mudam a vida.]

O documentário mostra como a obsolescência programada passou pela indústria automobilística e trouxe essa noção de que precisamos trocar constantemente nossos carros. Se antes era por uma questão puramente de status e se sentir mais moderno, hoje os carro são desenhados para começar a falhar. E foi uma rixa entre o sr. Ford e o sr. General Motors que fez GM trazer essa noção de “o próximo carro que lançaremos vai ser o mais moderno de todos.” Resultado: estamos sempre insatisfeitos com a nossa última compra.

“Liberdade e felicidade através do consumo ilimitado o ‘american way of life’ (ou ‘modo de vida americano’) dos anos 1950 tornou-se o modelo para a sociedade de consumo como conhecemos hoje. (A conspiração da Lâmpada, 2009)

Claro que a empresa Apple também é citada no documentário. É uma das empresas que mais realiza a obsolescência programada, fazendo com que o seu Iphone em 1 ou 2 anos já esteja velho demais. Os produtos da Apple não são feitos para durar. Se você tem uma versão muito antiga de algum dos produtos, você está “por fora”, não é? A Apple chegou a receber uma ação coletiva na época dos Ipods, já que a bateria durava apenas 12 meses e era impossível de ser trocada. Sabe o que essa ação coletiva mudou na empresa? Nada. Os Ipods passaram a ter uma garantia de 2 anos e a bateria poderia ser trocada, mas eles logo saíram de linhas e todos os outros produtos da empresa continuam quebrando cedo demais e mudando os formatos dos carregadores, etc.

O documentário não explora as mazelas ambientais da questão. Aborda como consumo não está de forma alguma relacionado a níveis de felicidade, pelo contrário, mas não entra na questão de como o consumismo desenfreado movido a extração de recursos, exploração humana e muita poluição está tornando a vida na terra mais quente – e muito mais difícil.

Todo produto precisa passar por uma série de processos – desde a extração de matéria-prima até o transporte, produção, gasto de água, emissão de gases – até chegar nas prateleiras. Isso sem contar com a quantidade de resíduos que se gera antes, durante e depois. Tendo isso em vista, a obsolescência programada deveria ser um crime hediondo. Não beneficia os consumidores, o planeta, ninguém, apenas os velhos donos dos meios de produção – aquele 2% de bilionários que controlam o mundo.

Quanto mais pessoas souber sobre a obsolescência programada e reclamar nas redes sociais, nos SACs das empresas, nos balcões, onde puder, mais chances a gente tem das empresas reverem os seus processos, de governantes criarem políticas públicas para mudar essa realidade e finalmente desse absurdo ter um fim. 

Quando os seus produtos quebrarem: reclame, conserte, procure o fabricante. Não aceite ouvir “é melhor comprar outro” – melhor para quem, cara pálida?

 

Qual testamos?

Assista a 22ª Mostra Ecofalante de Cinema 

“Conspiração da Lâmpada” 2009 – Cosima Dannoritzer

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