Por que ainda uso esmalte

Disclaimer: não, isso não é um texto sobre esmalte e muito menos sobre apologia ao uso dele, mas sim, sobre pegar leve consigo mesme. Sobre o que há por trás das microrrevoluções.

Semana passada eu estava usando um esmalte vermelho nas unhas e recebi algumas mensagens perguntando: “você não é Verdes Marias, por que ainda usa esmalte?” outra veio assim: “achei que pessoas sustentáveis não usavam esmalte.” No lugar de responder a essas perguntas individualmente, resolvi fazer um texto a respeito.

Para quem caiu de para-quedas por aqui, nós estamos sempre mostrando a nossa busca por uma vida cada vez mais sustentável e usar esmalte não é uma atitude exatamente alinhada a essa busca pelos seguintes motivos:

  • Padrões de beleza definidos pela indústria de cosméticos (ou você acha que pintar as unhas é unanimemente belo?)
  • Uso de substâncias tóxicas no corpo (solventes, corantes, resinas e plastificantes – tóxicos)
  • Geração de lixo desnecessária (o frasco do esmalte, o frasco do removedor, algodão, palito e outros instrumentos envolvidos além da própria substância que sempre sobra no vidrinho)

O portal A Naturalíssima preparou um material muito bom falando sobre a anatomia dos esmaltes, explicando o que cada um dos ingredientes pode fazer com a nossa saúde e quais são os nomes desses ingredientes, vale a leitura.

Usar esmalte nas unhas é uma prática tão introjetada na vida das mulheres, que muitas vezes quem opta por não fazer as unhas é vista como mal cuidada ou desleixada. Eu mesma há algum tempo ia toda semana no salão refazer as unhas. Nem tempo para elas respirarem eu dava. Imagine o quanto o meu corpo não absorveu aqueles ingredientes tóxicos! Sendo que muitos deles são biocumulativos, ou seja, se acumulam no nosso organismo.

Então, por que raios eu ainda uso esmalte?

A questão, para mim, não é apenas estética. Para mim, tem a ver com minha ansiedade. Porque eu, aos 34 anos, volta e meia ainda roo as unhas e sei que essa prática está atrelada à ansiedade. Eu já tentei de tudo e o que mais funcionou, sempre junto com muita meditação, foi passar esmaltes nas unhas. Quando minhas unhas estão pintadas eu não rôo. Além disso, às vezes me sinto bem em ver minhas unhas pintadas. Existem algumas situações que, por mais que tenhamos consciência de tudo há por trás, ainda assim fazemos algo fora do esperado. E está tudo bem. Mesmo.

O caso do esmalte é apenas um entre tantos. Nós três estamos sempre atrás de gerar o menor impacto no planeta, mas é bom lembrar que não somos infalíveis. Estamos na busca, falhamos bastante, seguimos. Uma das frases que carregamos é:

“É melhor um monte de gente fazer um pouquinho de forma imperfeita do que pouca gente fazendo várias coisas sem falhas.”

Tem dias que a Mari dá um pouquinho de carne para os filhos, que a Carol pinta o cabelo de rosa (inclusive acabou de pintar, rs) e que eu esqueço a ecobag e aceito uma sacolinha plástica. É a melhor coisa a se fazer? Não. Devo sentir culpa? De jeito nenhum.

Nós sabemos das questões envolvidas nessas escolhas, mas às vezes elas nos escapam. O conhecimento é uma ferramenta fundamental para que essas escolhas sejam melhores e elas são, na maioria das vezes. O verdadeiro problema é não saber, é seguir a toada, e as indústrias não querem que a gente saiba, elas querem que a gente consuma e não questione.

Agora, sentir culpa ao não conseguir realizar todas as microrrevoluções não vai ajudar em nada. Não vai nos fazer bem. Pode até nos paralisar. Quem deveria sentir culpa – e muita – são as indústrias.

Está bem claro que o maior impacto vem das indústrias e dos governos. Portanto, a gente faz a nossa parte para não contribuir com o problema, mas a gente não deve sentir culpa se a nossa parte vez ou outra falhar.

Você sabia que existe até um termo chamado “ecoansiedade”? É um sentimento de medo generalizado ligado à crise ambiental. Existem algumas boas matérias por aí falando sobre o tema, e sempre recomendamos os artigos muito bem escritos do Portal Ecycle. Clique aqui para ler sobre o tema.

Vamos fazer a nossa parte, fazer escolhas melhores e não nos sentir culpados se vez ou outra elas nos escaparem. As microrrevoluções são sobre isso!

 

 

 

 

 

Qual testamos?

Se você também ainda gosta de de vez em quando fazer as unhas, procure marcas de esmaltes veganas e naturais nesta lista:

Lista de esmaltes veganos e naturais

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