Dica de doc: Fungos Fantásticos (Netflix)

“Quando vemos, entendemos. Quando entendemos, nos preocupamos e quando nos preocupamos, fazemos algo para salvar.”

Essa citação é de um documentário muito interessante chamado Fungos Fantásticos, de 2019, e diz respeito a natureza. Quanto mais nos aproximamos e nos conectamos com ela, mais queremos cuidar e proteger. Também diz respeito aos fungos, que são tão importantes para a saúde do Planeta.

“Você não pode nos ver, mas nós florescemos ao seu redor, por todo lugar, em tudo, até mesmo dentro de você.”

A gente sempre diz que na natureza não existe lixo. Isso porque se uma folha cai, em alguns dias ela desaparece. Se uma árvore apodrece, depois de um tempo ela também desaparece. Tudo na natureza é reabsorvido e vira nutriente. E os fungos são os recicladores da natureza, eles decompões os organismos mortos e moribundos e movem todos os nutrientes de volta para o ciclo. Eles tem esse papel primordial e fundamental para a vida na Terra. São o trato digestivo da floresta, isso nas palavras do documentário.

Há mais de 1,5 milhão de espécies, seis vezes mais do que plantas.

Logo no começo da obra, Eugenia Bone, uma jornalista e autora especialista em natureza, diz que os fungos são capazes de ajudar a resolver problemas de poluição, como vazamento de óleo, por exemplo. Isso devido a uma espécie de fungo capaz de decompor qualquer coisa natural, até mesmo petróleo. Vale assistir para entender melhor como isso ocorre.

Redes de conexões

Os cogumelos não são apenas aquela parte que a gente consegue ver, pelo contrário, a maior parte cresce debaixo da terra e é composta por fios longos que se ramificam formando enormes teias subterrâneas. Essa rede pode ser comparada a uma árvore, enquanto o cogumelo visível, à maçã.

Inclusive, essas teias subterrâneas de fungos, chamadas micélio, estão conectadas a quase tudo na vida e servem até de comunicação entre árvores (e troca de nutrientes). Um micélio tem mais redes do que nosso cérebro tem vias neurais e funciona de forma parecida, com pulsos elétricos. E estão por toda parte.

Armazenamento de carbono

70% do carbono que as árvores sequestram do ar vai para o subsolo. Depois, o sistema de raízes troca esse carbono por nutrientes. O carbono acaba armazenado nas paredes celulares dos fungos. Isto é, os fungos ajudam a estabilizar e armazenar carbono no subsolo por milhares de anos.

A Hipótese do Macaco Chapado

Há uma teoria bem interessante apresentada no documentário. Ela diz respeito ao tempo relativamente curto de evolução do cérebro humano e a possibilidade de essa evolução ter ocorrido por conta da ingestão de cogumelos alucinógenos pelos nossos ancestrais, milhares de anos atrás.

Quando nossos ancestrais caçavam, encontravam cogumelos que cresciam nas fezes de suas presas ao longo do caminho (os cogumelos psilocibos de fato crescem no esterco de gado). Segundo a teoria, ao ingerir esse cogumelo milhares de vezes por milhares de anos, as experiências sinestésicas que nossos ancestrais tiveram – e os outros efeitos do cogumelo – possivelmente ampliaram o tamanho do nosso cérebro.

O documentário mostra também um estudo feito com ratos que mostra que, depois de ingerirem o psilocibo, perderam uma reação condicionada pelo medo.

Cogumelos que salvaram vidas 

Na medicina ocidental os cogumelos já tiveram muitos usos. A penicilina, por exemplo, é um antibiótico muito eficaz. Os fungos matam bactérias por se tratarem de competição, já que as bactérias se alimentam do mesmo que os fungos.

Antes da penicilina ser feita de forma sintética nos laboratórios, durante a Guerra Civil norte-americana quando um soldado ficava ferido, colocavam um pedaço de pão embolorado na sua ferida. Isso era feito para aproveitar a propriedade antibiótica do mofo e evitar uma infecção.

Quando foi sintetizada, o médico Alexander Fleming ganhou o prêmio Nobel pela descoberta que salvou milhares de vidas.

Qual será a próxima penicilina? Será outro remédio feito de fungos?

Há estudos utilizando uma espécie de cogumelo para tratar Alzheimer, já que essa espécie demonstra regenerar nervos. Há também estudos para auxiliar no tratamento de alguns tipos de câncer, ansiedade e depressão.

Fora os outros usos dos cogumelos: ajudar abelhas (isso mesmo!), substituir embalagens e outros materiais, entre outros.

Por que assistir?

A obra é, de modo geral, bastante poética e profunda além de ter imagens incrivelmente belas. Passa por todos os aspectos da importância dos fungos para a vida na Terra e, no final, nos dá uma perspectiva de conexão muito grande.

É bastante centrado na figura cativante de um amante de cogumelos, um estudioso e especialista chamado Paul Stamets. É muito bonito ver como a paixão pelo tema o levou a descobertas bastante importantes (algumas delas inclusive patenteadas). Pessoas como ele conseguem traduzir um tema tão complexo para leigos e fazer com que o interesse cresça. O meu interesse certamente cresceu.

Por outro lado, é muito reforçada a ideia de que a vida só é possível por conta da cooperação, o que ressoa muito com o nosso trabalho e com a ideia das microrrevoluções.

“Comunidades sobrevivem melhor do que indivíduos. Comunidades dependem de cooperação e eu acho que esse é o poder da bondade. A evolução baseia-se no conceito de benefício mútuo e na extensão da generosidade.”  

 

 

Qual testamos?

Fungos Fantásticos (Netflix)

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