Minimalismo não é só desapego

Assim que o ano começou eu, a Mari e a Carol nos reunimos para organizar e pautar o Verdes Marias. As três começaram a reunião falando sobre o quanto o ano passado foi importante. Claro, não foi fácil para ninguém, mas veio com muitos ensinamentos. Quem esteve de olhos abertos para aprender alguma coisa pode se beneficiar muito desse momento na história.

As três concordaram que ficar em casa foi uma oportunidade para se estudar e se conhecer melhor. Entender melhor nossos gostos, desejos, o que queremos para nossas vidas – e uma coisa ficou muito clara: as três estão em busca de uma vida com menos consumo e mais simplicidade.

Entendemos que não faz mais sentido para nenhuma de nós viver com excessos. Acreditamos que, tirando os negacionistas, todo mundo sabe o quanto o Planeta está sofrendo com excesso de lixo, excesso de plástico mudanças climáticas e desmatamento, tudo para que o homem mantenha um estilo de vida de excessos e com muito descarte.

Estamos cada vez mais cientes de que cada uma de nossas escolhas tem um impacto e que quanto menor for esse impacto, melhor para o Planeta (todos nós). Escolher uma vida com menos consumo, menos descarte e menos excessos é um caminho inevitável para quem se importa para além do próprio umbigo.

Escolher uma vida mais simples é urgente. 

Por conta de tudo isso, começamos a pesquisar movimentos e causas que abracem a ideia da simplicidade. O minimalismo é um desses movimentos.

Convidamos com o Gianini, professor e autor do documentário Mente Minimalista, para nos contar mais sobre esse estilo de vida. Na definição que ele traz no site, minimalismo é:

“Ter e usar o suficiente, livrando-nos do excesso de coisas, afazeres e informações que roubam a qualidade do nosso tempo de vida.”

E continua: “Como estilo de vida, importamos e adaptamos as características do movimento artístico (*não confunda estética minimalista com estilo de vida!) que deu origem ao minimalismo para desenhar uma maneira simples de viver. Por exemplo, uma casa com menos elementos, materiais e cores de modo a revelar a originalidade e valorizar o espaço, deixando-o mais fluído, funcional e sóbrio.”

Começamos perguntando para o Gianini se desapegar das coisas seria um primeiro passo para levar uma vida minimalista. Isso porque, conforme explicamos aqui, desde o início de fevereiro estamos fazendo o #desafiododesapego e nos desfazendo de uma coisa por dia até o fim do mês. Esse é um bom começo?

É preciso se aprofundar

Segundo ele, é um primeiro passo para aqueles que buscam algo prático, já que o minimalismo é um estilo de vida que vai muito além do desapego. Começar eliminando os excessos da casa, do escritório, da vida pode ajudar neste começo. Por outro lado, é muito importante buscar mais informação e teoria a respeito, para não ficar só no superficial.

Como esse movimento começou na estética, é muito possível que alguém comece desapegando, pinte a casa de branco e pare por aí, achando que é só isso. Não é. Inclusive, na nossa conversa com a Diane do Jornada Minimalista, a gente analisou a casa da Kim Kardashian e explicou a diferença entre e estética e a filosofia minimalista.

Além disso, é preciso fazer uma revisão do que você precisa de fato, quais categorias precisa desapegar para que não haja nenhum desapego impulsivo, o que também não é legal.

A diferença entre desapegar X destralhar

Destralhar: vem de tralha, que significa lixo. Tralha você não doa. Você recicla, composta ou descarta. Uma camiseta toda furada é um destralhe, não dá para doar.

Desapego: Algo bom, mas que não faz mais sentido na minha vida.

Uma dica para desapegar: checar o que tem em casa em duplos ou triplos. Por exemplo: calça jeans. Normalmente as pessoas tem um monte. Assim que eu ouvi essa dica fui correndo olhar as minhas jeans. Eu tinha 5, desapeguei de uma sem problemas. Outra dica que a Diane nos deu: focar naquilo que ficou, não no item que está indo. No caso, eu foquei nas 4 calças que ficaram e foi fácil liberar uma.

A relação entre consumismo e minimalismo

É preciso diferenciar consumo com consumismo. A gente precisa do consumo, precisamos comprar comida, comprar água, pagar nossa casa, etc. Isso é consumo. Consumismo é comprar em excesso.

Muitas vezes usamos o consumismo como um mecanismo de compensação. Trabalhamos demais, então compramos. Estamos tristes, compramos. O bacana é investigar e trabalhar nos motivos que estão nos levando a consumir em excesso. Minimalismo é exercer o poder de escolha de forma consciente, você compra o que precisa, sem excessos. Às vezes vale a pena até visitar um psicólogo para entender melhor essa motivação.

A conversa com Gianini foi longa e profunda, ele contou detalhes sobre as filmagens do documentário, deu dicas de livros e filmes e contou um pouco mais sobre ele.

A conversa com a Diane também foi muito rica. Ela contou sobre a jornada dela, as dificuldades, a relação com o marido que não é minimalista.

Vale a pena checar o nosso canal no Youtube para assistir as conversas na íntegra.

Quanto a nós, vamos continuar o #desafiododesapego até o fim do mês, ressignificando cada vez mais nossa relação com as coisas e o consumo. Se quiser participar, nunca é tarde para eliminar alguns excessos da vida.

Qual testamos?

Um comentário para “Minimalismo não é só desapego”

  1. Any disse:

    acho muito importante sempre ressaltar essa questão de refletir sempre sobre o que consumimos, o que estamos desapegando, o que fica, porque se for apenas pra tirar sem pensar nos motivos logo a gente vai repor e encher de novo o espaço que “sobrou”.

    gosto demais que vocês compartilhem todas essas ideias ☆
    abraços,
    Any.
    Poetiza-te

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