Eu, Clara, já sou vegetariana há um ano e meio. Pra mim essa mudança não foi dura ou sofrida, porque eu sempre tive na mente que estava evitando um sofrimento maior de seres que eu tanto gosto, além do benefício ao meio ambiente. Foi depois de ver um monte de documentários (como o Cowspiracy) que eu entendi que a indústria alimentícia atual encara os animais como objetos. A crueldade praticada é gritante e as condições de vida dos animais são assustadoras. As fazendas familiares de antigamente deram lugar a fábricas de exploração animal, sem o menor interesse em manter um mínimo de bem estar para os bichinhos.

Tendo isso em mente, pra mim foi mais fácil dizer não às carnes. Aí um dia eu estava na Virada Sustentável em São Paulo e fui assistir a uma palestra chamada “Alimentação que cura”. Lá estava Alana Rox, ativista da causa vegana. Ela estava contando sobre como sua vida e saúde melhoraram depois que se tornou vegana. Autora do livro “Diário de uma Vegana” (que nós lemos e recomendamos) e popstar das redes sociais, a Alana contou que se tornou vegana por conta da saúde.

Ela explicou que vivia tomando remédios, não só por conta de inflamações de todos os tipos, mas também por conta de síndrome do pânico e ansiedade. Ela trouxe um dado que me chamou a atenção: 70% das doenças modernas são causadas pelos hábitos de vida e alimentação; e disse que depois que se tornou vegana, não só parou de vez com todos os remédios, como se tornou muito mais energética.

Me interessou que o veganismo também faz bem à saúde (quando bem praticado, claro).

Fui estudar um pouco mais sobre a causa animal por trás do veganismo e refleti que o sofrimento animal vai além do abate. A criação e o manejo dos animais chega a ser até mais cruel do que o abate, é tortura diária para os animais. Não há motivação nenhuma das indústrias em cuidar melhor deles, porque além de aumentar os custos, não há cobrança da população sobre isso. Ninguém se pergunta como aquele pedaço de carne ou queijo chegou até a prateleira. Aqui vão alguns exemplos de procedimentos realizados na produção de alimentos de origem animal: castração, corte de bico, cauda e dentes, marcação, confinamento (em espaços mínimos), separação entre filhote e mãe, descarte de filhotes machos, entre outros. A indústria alimentícia hoje escraviza os animais.

Veganismo é saúde e amor. Quando você chega ao ponto de sacrificar um prazer por conta do sofrimento que pode estar causando a outra espécie, mostra que a sua capacidade de empatia é muito grande. Alana Rox disse: “Quando o ser humano respeitar todo e qualquer ser, vão imperar o amor e o respeito.” Quer revolução maior que essa?

Decidi praticar durante uma semana uma dieta vegana. O veganismo é um estilo de vida, porque se deixa de ingerir tudo de origem animal (carne, frango, peixe, ovo, leite, iogurte queijo ou mel),  de utilizar qualquer produto de origem animal (como lã ou couro) e também não se utiliza nenhum produto que tenha como origem a exploração animal, como cosméticos testados em animais. Eu comecei somente pela dieta.

Pra mim foi difícil largar o queijo e o iogurte, mas a parte mais difícil mesmo foi a falta de apoio. Meu namorado reclamou porque não poderíamos mais comer pizza no domingo ou queijos e vinhos. Meus amigos fizeram mil piadas e críticas e meus pais ficaram falando que eu ficaria com falta de nutrientes. Foram poucas as pessoas que apoiaram. Ainda são poucas as pessoas nos nossos círculos que são veganas.

Outra coisa que eu me surpreendi foi com a dificuldade de achar opções veganas nos mercados e restaurantes. Fiquei triste pensando que se em São Paulo é difícil, imagina no resto do país. Também teve a questão da minha falta de cuidado. Como não chamei nenhuma nutricionista nem nada, acabei comendo muito glúten nos primeiros dias e minha pele ficou esquisita, com muitas espinhas.

Os pontos positivos, por outro lado, foram muitos. Aprendi que alimentação vegana vai muito além do alface: batata-doce, berinjela, cacau, feijão, coco, abóbora, castanhas, tofu, grãos variados e muitas combinações nos fazem perceber a variedade que um prato pode ter. Aprendi um monte de receitas rápidas e fáceis, como o iogurte de inhame (bate o inhame cozido no liquidificador com morango e pronto!), aprendi a inventar mil coisas com a cesta de orgânicos que eu peço toda semana (da Levebem), li e aprendi um monte de dados importantes sobre a indústria alimentar e trouxe o tema para debate praticamente todos os dias.  A alimentação é uma forma de convivência e ser vegano sempre gera assunto ou questionamentos. Isso foi um dos pontos que mais me animou a continuar: fazer as pessoas ao meu redor repensarem a quantidade de derivados de animais que consomem, ou no mínimo refletirem sobre. Isso pra mim já valeu toda a experiência.

Sobre continuar com o veganismo, minha última conversa com a Mari definiu meus próximos passos. Ela me disse que nada nessa vida precisa ser radical, estrito. Eu posso levantar a bandeira do veganismo e uma vez ou outra comer o meu queijo, dar umas bicadinhas num iogurte. Vou aos poucos até nem mais sentir falta, no meu tempo, sem cobrança se escorregar. Isso não fará de mim menos ativista ou menos vegana. Continuo usando o meu corpo como instrumento de debate e vou continuar defendendo a causa, só não de forma radical porque isso poderia acabar me desmotivando.

Meu próximo passo vai ser o lifestyle: romper (sempre aos pouquinhos e moderadamente) com couro, lã, maquiagens etc. Vamos acompanhar. Os bichinhos agradecem.

Meio ambiente

Acho legal contar que o me motivou no caso do veganismo é a causa animal, mas cada um tem a sua. A Mari é vegetariana, e quando leu esse texto comentou pra mim que pra ela, a causa animal interessa menos, ela esta mais preocupada com o meio ambiente: o aquecimento global, o desmatamento causado para geração de pasto, o pum da vaca que faz mal pra camada de ozônio e etc. Eu entendo e respeito, mas não escrevi sobre isso porque fiz um relato pessoal, com minhas motivações. Resumindo: a Mari vai também fazer um texto sobre a questão ambiental e o vegetarianismo, que é o que a motiva.

 

 

Qual testamos?

Documentário Cowspiracy 

Livro “Diário de uma Vegana”

Cesta de orgânicos Levebem

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