Nós vivemos dizendo o quanto o plástico pode ser ruim para o meio ambiente. Aqui explicamos por que devemos evitar esse material,  aqui falamos sobre a infância plastificada e os efeitos dela na saúde mental e física das crianças. Aqui explicamos o retrocesso do uso de plástico durante a quarentena.

O fato é que o plástico é muito pouco reciclado: no mundo só 9% e no Brasil, menos de 2%. Se ele não é reciclado, significa que vai parar nos aterros sanitários, lixões ou no meio ambiente onde leva de 200 a 400 anos para se decompor, ou seja, para sumir. Em consequência da quantidade usada diariamente estamos enfrentando uma crise global de poluição de plástico. É um material que está se acumulando no Planeta Terra de forma desenfreada.

Contudo, se esses motivos ainda não mexeram com você, trazemos hoje a parte da saúde. O plástico pode ser tóxico e não é um material seguro para se usar de qualquer maneira. Assista esse vídeo do professor Julio Luchmann que viralizou, no qual ele explica como usar plástico de forma segura.

 

Nós fomos atrás desse professor para nos explicar melhor como usar plástico. O professor Julio é terapeuta ortomolecular e neurocientista e estuda bioquímica e fisiologia do sistema endócrino. A conversa na íntegra está no nosso IGTV.

O que é o plástico e por que é um problema para a saúde?

São vários tipos de plástico, mas em geral os plásticos de fontes não renováveis (como os de milho ou de beterraba) são feitos de forma sintética com polímeros (tipos de moléculas). É um subproduto da indústria petroquímica, a mesma que faz o óleo diesel, a gasolina, o piche, o isopor.

São três os principais problemas relacionados a este material:

1) As micropartículas de plástico. O nosso intestino é feito de dobrinhas, que fazem a absorção de minerais, proteínas e se essas dobrinhas estiverem contaminadas por polímeros não conseguimos fazer absorção direito. Hoje já sabemos que engolimos partículas de plástico todos os dias. Uma garrafa de água por exemplo, se esquentar ou esfriar, libera plástico. Nós consumimos uma média de 2 mil micropartículas de plástico POR DIA.

(Não é só plástico que é polímero, a margarina que comemos também é e, na opinião do professor, é uma desgraça pois “plastifica” o intestino).

Uma pesquisa da Universidade de Londres mostrou que não é um problema só de humanos, foram analisados crustáceos e peixes que são pescados no mar (não de criadouros) e encontraram micropartículas de plástico em todos eles. Principalmente as ostras, que fazem uma filtragem da água. Logo, tem plástico nos peixes e crustáceos que ingerimos.

2) O Bisfenol A – Esse composto químico é extremamente tóxico para os seres humanos. Ele imita o estrogênio, que é um hormônio feminino, causa celulite, engorda, imita também o hormônio masculino, detona a tireóide, faz mal para o fígado.

A legislação brasileira o proíbe apenas em mamadeiras infantis. Alguns tipos de plástico que usamos em utensílios tem bisfenol A, é preciso sempre ficar de olho. Óculos de sol, partes do carro, mesmo que em pequena quantidade.

3) Ftalatos: Não é uma substância proibida, mas também é um problemão para a saúde humana. Atinge o rim, mexe com o fígado e com o sistema nervoso, é extremamente cancerígeno. Sabe aqueles brinquedos de praia, fôrma de estrela do mar, baldinhos e pás? São cheios deles. Cuidado!

Por que a legislação falha em nos proteger?

Há toda a questão dos interesses comerciais, lobbys das indústrias, etc. Há também a falta de identificação dos plásticos, muitas embalagens nem especificam que tipo de plástico se trata, muitas vezes por serem produtos importados e aí chegamos a grande questão:

  • O problema da impossibilidade de fiscalização. A legislação regula somente o plástico produzido no país. Não existe como regular e fiscalizar os produtos vindos da Asia, por exemplo. Imagine fiscalizar cada navio que chega nos portos brasileiros. É por isso que no final das contas, quem tem que fiscalizar somos nós. Quanto mais as pessoas tiverem acesso a informação, menos vão se contaminar com esse tipo de produto e, portanto, menos esses produtos serão fabricados. Precisamos nos empoderar!

Como reconhecer os tipos de plástico:

Pegue a primeira embalagem plástica que você tiver ao seu alcance (se não funcionar com essa, pegue uma que dê certo). Agora olhe embaixo dela e procure por um triângulo parecido com o da ilustração:

Esse é o símbolo universal da reciclagem e o número dentro desse triângulo indica o tipo de material. No caso do plástico, o número vai de 1 a 7. Preste atenção quando falamos sobre as condições propícias para o uso desse plástico, porque se você esquentar um tipo de plástico que não deve ser esquentado, você pode se intoxicar e ter sérios problemas de saúde.

  1. PET: Tem em roupa, garrafa, embalagem – é muito resistente – não pode esquentar, mas pode esfriar.
  2. PEAD: Tem em embalagem de remédio e produto de limpeza, não é usado para alimentos. Tem uma qualidade um pouco melhor.
  3. PVC: É aquele clássico material usado para fabricar canos e mangueiras, mas é encontrado também em embalagens de sucos, óleos, brinquedos e outros. Não pode esquentar nem esfriar. Não deve entrar em contato com a comida, pois contém uma substância cancerígena. Bom ficar de olho.
  4. PEBD: Está em sacolas de supermercado, plástico filme. É ok com alimentos, não é bom esquentar.
  5. PP: Polipropileno, esse é o menos pior de todos os plásticos, segundo a Anvisa pode esquentar e esfriá-lo (o prof. Julio discorda, ele acha que não devemos esquentar nem esfriar com alimentos).
  6. É o isopor. Pode esfriar e congelar, mas atenção: é absurdamente tóxico se for esquentado. Não aceite de forma alguma alimento quente dentro de isopor (o prof Julio não aceita alimento de forma nenhuma em isopor).
  7. É uma mistura de vários plásticos, a composição dele não foi totalmente identificada. Normalmente é o subproduto da reciclagem de plásticos quando misturados.

Guarde esse número: 542 ou separadamente 5, 4 e 2. São os 3 tipos de plásticos seguros para guardar alimento, mas o professor Julio diz que, mesmo que o plástico do tipo 5 seja aprovado pela Anvisa para esquentar e esfriar, ele não recomenda esquentar nem esfriar nenhum tipo de plástico. Condições adversas de temperatura são uma forma de contaminação.

Se você encontrar alimento guardado em plásticos com os números 6 ou 7, FUJA! É perigoso!

Alternativas:

  • Recipientes de vidro. Mesmo que a tampa seja de plástico, ela não vai entrar em contato com o alimento. O vidro é inerte e não interage com o organismo. É 100% seguro em qualquer condição.
  • Cerâmica
  • Aço cirúrgico
  • Panelas revestidas com cerâmica

Ele não indica para guardar alimento: alumínio não é bom esquentar nem esfriar, silicone também não deve esquentar nem esfriar, borracha não deve chegar perto de alimentos.

Dica boa: quando você esquecer sua garrafa reutilizável e precisar comprar garrafa d’água, verifique a sua distância da fonte da água no rótulo, pois quanto mais longe for a origem da água, mais ela sofreu condições adversas de temperatura. Por exemplo, se você estiver no Nordeste e comprar uma garrafa de água engarrafada em Bauru – não é uma boa ideia porque o trajeto foi longo até chegar em você! Nós já fazemos isso com todos os produtos, não só por conta da saúde, mas porque um produto que vem de longe precisa de mais transporte e mais embalagens para protegê-lo, portanto mais emissão de carbono e mais lixo!

E a reciclagem do plástico?

O ciclo de vida do plástico é relativamente longo, mas não como o alumínio ou o vidro que podem reciclar infinitamente. O grande problema é que no processo de reciclagem do plástico ele acaba se contaminando e se misturando com outros tipos de plástico (existem mais de 80 tipos de plástico no mundo), pois é muito difícil não misturar. Um plástico do tipo 5, por exemplo, só pode ser categorizado com esse número se for virgem, não houver nenhum outro plástico misturado. O PET tem que ter 70% de matéria-prima virgem e 30% dele pode ser plástico reciclado.

Aprendemos com a conversa com o professor Julio que o plástico é importante para hospitais e situações dos quais ele é crucial. Para nós, quanto mais pudermos evitar esse material, melhor para a nossa saúde e para o meio ambiente.

Bora levar nossa ecobag, canudo de inox, garrafa reutilizável (de preferência sem ser de plástico), talheres de alumínio, nosso kit lixo zero e evitar esse material!

 

 

 

 

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