Nós falamos muito por aqui “cozinha lixo zero”,”banheiro lixo zero”,”compras lixo zero”. Pelo nome já dá para imaginar que se trata da não geração de lixo.
Mas o que é lixo?
Queremos neste post explorar um pouco mais desse conceito que parece óbvio, mas se tem uma coisa que aprendemos nos últimos anos é que nada é óbvio.
Segundo o conceito estabelecido pela ZWIA – Zero Waste International Alliance –Lixo Zero é:
“uma meta ética, econômica, eficiente e visionária para guiar as pessoas a mudar seus modos de vidas e práticas de forma a incentivar os ciclos naturais sustentáveis, onde todos os materiais são projetados para permitir sua recuperação e uso pós-consumo.”
Portanto, quando se diz que algo é Lixo Zero, não quer dizer necessariamente que aquele espaço ou situação não produz absolutamente nenhum lixo. Quer dizer que há uma meta de direcionar todos os resíduos produzidos para a destinação correta, seja ela uma cooperativa de reciclagem, a compostagem ou a reutilização. Além disso, a meta é também reduzir ao máximo a quantidade de rejeitos que irão para o aterro sanitário.
Por que o lixo é um problema?
Vamos começar pelo conceito de lixo. Lixo é o nome que se dá à mistura de resíduos e rejeitos, mas é preciso diferenciar os dois. Resíduo é tudo aquilo que sobra de determinado produto (a embalagem, casca ou outra parte do processo) que pode ser reutilizado, reciclado ou compostado. Resíduo não é lixo. Resíduo não deve ir para aterros ou lixões.
Já rejeito é aquilo que não tem nenhuma possibilidade de ser reaproveitado ou reciclado. Este sim é um problema. O rejeito não deveria nem existir, se considerarmos que lixo é um erro de design. Pensa só: na natureza não existe lixo, tudo que gasta, apodrece ou morre é consumido pela própria natureza e volta para ela. Se uma folha cai ou um animal morre a natureza absorve e aquilo some na decomposição.
O homem criou o conceito de lixo, entupiu o Planeta Terra dele (a humanidade produz mais de 2 bilhões de toneladas por ano segundo a ONU) e hoje vivemos numa sociedade do descarte, onde extraímos, consumimos e descartamos na chamada economia linear. Falamos sobre ela e a economia circular neste post.
Essa forma totalmente insustentável de ocupar o Planeta está causando tudo quanto é problema. No descarte, as principais questões são: os rejeitos enterrados produzem um líquido tóxico chamado chorume. É tóxico e perigoso para o ser humano. Além disso, produz também gás carbônico, que é um gás de efeito estufa, também tóxico para o ser humano. Não obstante, o lixo vai parar em rios, nos oceanos, na boca dos animais. Até 2050 a previsão da ONU é que haja mais plástico do que peixes nos oceanos. Há hoje enormes ilhas de plástico bem no meio dos oceanos, onde o homem nem chegou. Existe a contaminação dos solos, deslizamentos de encostas, assoreamento de mananciais, enchentes, estrago na paisagem. São muitos os problemas.
A National Geographic disse nessa matéria que a quantidade de plástico que foi depositada nos mares é de cerca de 150 milhões de toneladas métricas. Oi? Nem consigo imaginar essa quantidade. O lixo precisa parar.
O que fazer para ser lixo zero?
Uma dica é guardar os R’s da sustentabilidade no bolso e carregá-los por aí a todo momento. Desde o ato da compra até o descarte. São eles:
- Recusar – Todo material descartável deve ser recusado. Pensa comigo: para se criar um descartável existe todo o processo de fabricação, que é super gerador de resíduos, ele leva de 200 a 400 anos para se decompor e são só alguns segundos de uso? Deveria ser um crime! Sacolas plásticas, embalagens, embrulhos, descartáveis, excessos. Tudo isso deve ser recusado.
- Repensar e reduzir – Se todo mundo reduzisse um pouco seu consumo ia dar um alívio enorme para a questão do lixo. É sempre bom ir às compras com a pergunta: “eu preciso mesmo disso?”
- Reutilizar – Antes de pensar no descarte, veja se você não consegue dar outro uso para aquele objeto no chamado upcycle ou mesmo transformar. Potes de geléia se tornam potes de chá, calcinhas velhas viram forro de almofada, recipientes viram vasos. É só usar a criatividade.
- Reciclar – É sempre a última solução quando todas as outras não forem possíveis. Pesquisar a cooperativa mais perto de você e uma forma de enviar seus resíduos sólidos para lá. No site da Ecycle você pode escrever o que deseja reciclar e eles te dão uma solução.
Algumas atitudes que podem te ajudar a reduzir os seus resíduos e rejeitos: compostar, ter uma menstruação lixo zero, comprar à granel, usar fraldas de pano no seu bebê, cuidar da sua cozinha com práticas lixo zero, do seu banheiro também e andar sempre com o seu kit lixo zero (esse da foto é da Carol, tem uma ecobag, um copo retrátil e dois canudos. O meu tem talheres de metal também e o da Mari tem saquinhos de pano para comprar à granel).
O kit lixo zero é muito interessante porque são coisas que você não precisa comprar. Cada um monta o seu com o que considera prioridade, mas são coisas que todo mundo tem em casa – uma sacola de pano, um copo (não de vidro, claro), talheres comuns. Ele evita que você tome aquele cafezinho em copo descartável, receba sacolinha plástica nas farmácias e supermercados, use canudo. Você não gera lixo ao sair de casa!
A certificação Lixo Zero
O Insituto Lixo zero no Brasil é uma instituição vinculada ao ZWIA que certifica empresas e organizações que adotaram a meta Lixo Zero e reduziram seus resíduos para aterro, incineração ou ambiente em 90% ou mais.
Eu (Clara) fiz o curso de Capacitação de Consultores para Certificação Lixo Zero e aprendi como funciona todo o processo. É preciso bastante trabalho e empenho para se chegar a essa meta, mas é possível transformar qualquer ambiente ou evento em Lixo Zero. Claro que há algumas excessões como hospitais e farmácias, mas de forma geral com adaptações e mudanças é possível reduzir drasticamente o rejeito que vai para aterros.
O meu comportamento faz diferença?
Sim! Nós acreditamos muito no papel do indivíduo com as #microrrevoluções. Acreditamos que elas tem o potencial de atingir muitas outras pessoas e, ainda que aos poucos, alterar todo um comportamento da sociedade. Quanto mais a gente puder espalhar informação, mais a gente tem chance de chegar nas grandes indústrias e governos que são fundamentais nesse processo.
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